Numa visão Espírita

Textos baseados no Estudo do livro Gênesis de Moisés transmitido no portal SER com Haroldo Dutra Dias. Com a utilização dos resumos postados no Grupo de Estudos de Gênesis no Facebook. Qualquer erro gramatical, textual, morfossintático, ortográfico, etc é de responsabilidade exclusiva da administração do Blog.




quinta-feira, 23 de abril de 2015

Elementos do Espiritismo em Gênesis

É preciso estudar Kardec para ampliarmos as nossas percepções, e assim, entender o que ocorre em Gênesis  de Moisés.

No primeiro capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo, "Não vim destruir a Lei", há um item intitulado: Aliança da Ciência e da Religião.
Aliança da Ciência e da Religião
8. A Ciência e a Religião são duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral. Tendo, no entanto, essas leis o mesmo princípio, que é Deus, não podem contradizer-se. Se fossem a negação uma da outra, uma necessariamente estaria em erro e a outra com a verdade, portanto Deus não pode pretender a destruição de sua própria obra. A incompatibilidade que se julgou existir entre essas duas ordens de ideias provém apenas de uma observação defeituosa e de excesso de exclusivismo, de um lado e de outro. Daí um conflito que deu origem à incredulidade e à intolerância.
São chegados os tempos em que os ensinamentos do Cristo têm de ser completados; em que o véu intencionalmente lançado sobre algumas partes desse ensino tem de ser levantado; em que a Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, tem de levar em conta o elemento espiritual e em que a Religião, deixando de ignorar as leis orgânicas e imutáveis da matéria, como duas forças que são, apoiando-se uma na outra e marchando combinadas, se prestarão mútuo concurso. Então, não mais desmentida pela Ciência, a Religião adquirirá inabalável poder, porque estará de acordo com a razão, já se lhe não podendo mais opor a irresistível lógica dos fatos.
A Ciência e a Religião não puderam, até hoje, entender-se, porque, encarando cada uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, reciprocamente se repeliam. Faltava com que encher o vazio que as separava, um traço de união que as aproximasse. Esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o universo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo, leis tão imutáveis quanto as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres. Uma vez comprovadas pela experiência essas relações, nova luz se fez: a fé dirigiu-se à razão; esta nada encontrou de ilógico na fé: vencido foi o materialismo. Mas nisso, como em tudo, há pessoas que ficam atrás, até serem arrastadas pelo movimento geral, que as esmaga, se tentam resistir-lhes, em vez de o acompanharem. É toda uma revolução que neste momento se opera e trabalha os espíritos. Após uma elaboração que durou mais de dezoito séculos, chega ela à sua plena realização e vai marcar uma nova era na vida da Humanidade. Fáceis são de prover as consequências: acarretará para as relações sociais  inevitáveis modificações, às quais ninguém terá força para se opor, porque elas estão nos designios de Deus e derivam da lei do progresso, que é a Lei de Deus.
                                                                                          Evangelho Segundo o Espiritismo,
Capítulo I - Não Vim Destruir a Lei 
Por que esse texto foi colocado nesse capítulo?
Porque ele nos propõe uma fé raciocinada, que é diferente de fé racionalista ou fé racionalizada como muitos pensam. 
Fé raciocinada quer dizer que  quanto mais  aprendemos com a Ciência, mais nossa fé tem condições de realizar voos mais amplos.
Não podemos ser ingênuos acreditando que a Ciência sabe tudo. Quanto mais estudamos percebemos que não sabemos nada.
O que os cientistas sabem hoje a respeito do universo?
Que 96% dele é formado de matéria escura.
E, o que é a matéria escura?
Ninguém sabe.
E, os outros 4% do universo, eles sabem tudo?
Não. Eles não sabem tudo.
Então não sejamos ingênuos. A Ciência é bem limitada. A Ciência é uma concessão  de Deus aos homens.
A aliança de Ciência e Religião é a proposta de Kardec.
A ciência sozinha não consegue explicar o Universo, mas é um caminho, algo que Deus nos oferece. 

Kardec faz essa proposta (Aliança entre Religião e Ciência) em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", mas poderemos entendê-la melhor na Terceira Parte  de "O Livro dos Espíritos", que trata das "Leis Morais".
Essa terceira parte é composta de 12 capítulos. 
O primeiro capítulo é uma introdução - Da Lei Divina ou Natural;
Os outros dez capítulos  é o desenvolvimento, desdobrado  em dez leis: 
II - Lei de Adoração, III - Lei do Trabalho, IV - Lei de Reprodução, V - Lei de Conservação, VI - Lei de Destruição, VII - Lei de Sociedade, VIII - Lei do Progresso, IX - Lei de Igualdade, X -  Lei de Liberdade, XI - Lei de Justiça, de amor e de caridade; E, a última parte ele conclui com capítulo XII - Da perfeição Moral.

No capítulo 1 - "Da Lei Divina ou Natural". Observando a pergunta, O que é Lei Natural? É a lei da gravidade, são as leis de Newton, é a lei de Mendel, a lei que rege os compostos químicos, a lei dos fluidos etc. Na questão, temos:

Lei natural
614. Que se deve entender por lei natural?
"A lei natural é a Lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar de fazer ou deixar de fazer e ele só e infeliz quando dela se afasta.”
parte 3ª - Capítulo 1
Da Lei Divina ou Natural

Kardec está falando de lei moral ou de lei natural?
O conhecimento surge a partir da  observação.  Quando observamos que comendo muito nos sentimos mal, se nos afastarmos desse conhecimento e comermos muito,  sofreremos.
E com as leis morais? E, quando nos afastamos das leis morais?? 
O mesmo acorre com as leis morais, quando nos afastamos, sofremos.

617. As leis divinas, que é o que compreendem no seu âmbito? Concernem a alguma outra coisa, que não somente ao procedimento moral?

 “Todas as da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o autor de tudo. O sábio estuda as leis da matéria, o homem de bem estuda e pratica as da alma.”
a) Dado é ao homem aprofundar umas e outras?
“E, mas uma única existência não lhe basta para isso.”
parte 3ª - Capítulo 1
Da Lei Divina ou Natural
 No paradigma espírita estudar Química, Física, Biologia etc., é estudar Deus, E estudar o Evangelho? Também é estudar o aspecto religioso da Criação, é estudar as leis de Deus. Estudar o evangelho também  é estudar Deus. Todas as leis da natureza são leis divinas. Por que Deus é o criador do universo, é o autor de todas as coisas. Passar na faculdade de Química, Física, Biologia, Sociologia etc. é estudar Deus.

(Ver o Consolador. 1)

No paradigma espírita, o sábio estuda as leis da matéria, o homem de bem estuda e pratica as leis da alma. É uma questão de foco. Numa se aperfeiçoa os sentimentos na outra os conhecimentos. E o Amor, e a instrução. O sábio vai estudar Química, Física, Biologia etc.; o homem de bem estuda a conduta, a moral, o evangelho etc..
 Na questão 633, lemos:
633. A regra do bem e do mal, que se poderia chamar de reciprocidade ou de solidariedade, é inaplicável ao proceder pessoal do homem para consigo mesmo. Achará ele, na lei natural, a regra desse proceder e um guia seguro?

Quando comeis em excesso, verificais que isso vos faz mal. Pois bem, e Deus quem vos da a medida daquilo de que necessitais. Quando excedeis dessa medida, sois punidos. Em tudo e assim. A lei natural traça para o homem o limite das suas necessidades. Se ele ultrapassa esse limite, é punido pelo sofrimento. Se atendesse sempre à voz que lhe diz — basta, evitaria a maior parte dos males, cuja culpa lança à Natureza.”
parte 3ª - Capítulo 1
Da Lei Divina ou Natural

Não é Deus quem pune, o sofrimento chega quando passamos da medida. Sofremos por que passamos dos limites traçados por Deus.
Dá-se o mesmo em tudo. A lei natural traça ao homem o limite de suas necessidades. Quem pune é o sofrimento. "Escuta a voz que lhe diz  - basta, evitaria a maior parte dos males, cuja culpa lança à Natureza."
Não tem diferença entre lei moral e lei da divina. Quem diz isso são os espíritos, em "O Livro dos Espíritos".
Se observarmos o nosso estômago, e estudarmos as leis físico-químicas-biológicas que regem o seu funcionamento, vamos observar que possuem limites, uma justa medida. Se observarmos  e seguirmos as regras,  ficaremos bem, se não seguirmos sofreremos. E, se aprendermos sobre as leis de equilíbrio que regulam o estômago, aprenderemos também, sobre Deus. Se a dor chegar, devemos nos perguntar: Onde nos  excedemos? O que está fora da medida?

É a  lei de reciprocidade. O relacionamento com o outro, "façamos ao outro o que gostaríamos  que o outro nos fizesse"
É uma regra de ouro, regra de reciprocidade ou de solidariedade.
Observar se  faço ao outro aquilo que eu faria a mim mesmo. Eu amo o outro da mesma forma que amo a mim mesmo. Se me amo x, eu amo ao próximo x. Se amo 3x, amo ao próximo 3x.
Jesus ama a si mesmo, muito mais que eu amo a mim mesmo.
Essa é a Regra de reciprocidade.
Jesus ama o próximo porque ama a si mesmo.
A regra da reciprocidade só vale de mim para com o outro."
E de mim para comigo mesmo?
Não, de mim para comigo mesmo essa regra não vale.
E, qual a regra que vale? 
Como vou saber se faço o bem ou o mal para mim mesmo?
O homem pode buscar isso num guia seguro, nas leis naturais. Nas leis da Física, da Química, da Biologia... "Quando comeis em excesso, verificai que isso faz mal...". todo sofrimento é um aviso -  "passou da medida."
Quem diz são os Espíritos. 
Qual é a medida?
A justa medida é a Lei de Deus.
A LEI NATURAL nos dá limite das nossas necessidades se  ultrapassarmos este limite teremos o  sofrimento.

Não há diferença entre a lei natural e a lei divina.

Francisco de Assis nos disse que "Se quisermos conhecer a Deus, basta que cuidemos de um jardim".
Observar a terra, a semente, a natureza, a flor, preparar a terra, regar. Quem experimentar isso vai conhecer a lei de Deus.
Então, faz sentido o livro Gênesis começar falando da criação das coisas?
O povo hebreu um povo simples, formado por camponeses, peregrinos, pastores que criavam ovelhas, cabras, bebiam vinho, comiam peixe e plantavam trigo.
E, todo o sábado paravam de fazer tudo para orar, cantar, ter um contato com Deus. O sábado era o "Dia de Deus". Nesse dia não se fazia nada, não arava a terra, não plantava, não colhia, não cozinhava, não se manipulava o mundo material, era o dia espiritual, o dia de celebração.  Antes de anoitecer da sexta-feira eles comiam e só iam comer novamente após o anoitecer do sábado.  O mundo para esses hebreus era isso, era assim que eles viviam e enxergavam o mundo.
O livro começa com a experiência religiosa que eles tinham com Deus.
No sexto dia, Deus fez tudo o que o camponês tinha acesso; animais, plantas, répteis. Nos outros dias; as estações do ano, sol, lua, dia, noite. Tinha água em cima e água em baixo - devido a observação da natureza.
Toda a criação está centrada na terra. Eles tinham a Terra como o centro do universo.   (E nos também temos. Ninguém aqui visita as galáxias, ou passa as férias num buraco negro).
Eles descrevem tudo que eles podiam observar. E, afirmam, que tudo é obra do Criador. Hoje o Criador é muito maior, mais robusto. Universos, Galáxias, Nebulosas, Buracos Negros...
Seremos muito pretenciosos se pensarmos que somos muito melhores que esses homens, mais inteligentes, porque conhecemos os átomos, as ligações químicas, o universo... E se pensarmos, que eles eram homens ignorantes, ingênuos.
Esse é o paradigma espírita.
Que aprender como os anjos se relacionam com os arcanjos nas esferas celestes? 
Aprende como o átomo de hidrogênio se relaciona com o átomo de oxigênio. Por que é "do átomo ao arcanjo" como nos diz Kardec em O Livro dos Espíritos na questão 540. Porque o arcanjo começou no átomo.

540. Os Espíritos que exercem ação nos fenômenos da Natureza operam com conhecimento de causa, usando do livre-arbítrio, ou por efeito de instintivo ou irrefletido impulso?

“Uns sim, outros não. Estabeleçamos uma comparação. Considera essas miríades de animais que, pouco a pouco, fazem emergir do mar ilhas e arquipélagos. Julgas que não há ai um fim providencial e que essa transformação da superfície do globo não seja necessária a harmonia geral? Entretanto, são animais de ínfima ordem que executam essas obras, provendo as suas necessidades e sem suspeitarem de que são instrumentos de Deus. Pois bem, do mesmo modo, os Espíritos mais atrasados oferecem utilidade ao conjunto. Enquanto se ensaiam para a vida, antes que tenham plena consciência de seus atos e estejam no gozo pleno do livre--arbítrio, atuam em certos fenômenos, de que inconscientemente se constituem os agentes. Primeiramente, executam. Mais tarde, quando suas inteligências já houverem alcançado um certo desenvolvimento, ordenarão e dirigirão as coisas do mundo material. Depois, poderão dirigir as do mundo moral. E assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo. Admirável lei de harmonia, que o vosso acanhado espírito ainda não pode apreender em seu conjunto!”
Parte 2ª, Capítulo IX
Da Intervenção dos Espíritos

O próprio feto reproduz todas as etapas, filogenéticas. A Sequência de Fibonacci. O átomo e as Galáxias. Olhe o seu corpo, célula, órgãos, sistemas...
O mesmo princípio que rege  tudo. Estrelas, galáxias, átomos. O exoesqueleto dos moluscos é a mesma constituição do nosso esqueleto.
Basta descrever um trigo, que encontraremos tudo, toda a lei está lá. 
O cristal, a família de átomos, que estão ali, já são princípios espirituais. 
Aquele povo  começou com o que eles tinham.
Então, A Lei Divina ou Natural é a mesma coisa.
Só mudamos o foco. Posso falar de uma coisa como biólogo, como físico, como matemático, como químico, como sociólogo...
A Doutrina espírita tem três aspectos: filosófico, religioso e científico. Mas é tudo uma coisa só. Depende do foco que estaremos dando.
Podemos focar  de formas variadas –  em seu aspecto religioso, filosófico ou científico – mas isso não delimita. As coisas são o que são. Se olharmos algo na natureza, esse olhar  será muito maior, mais amplo. É o olhar para o todo.  Sem limitar, fechar em uma única disciplina ou aspecto. É o que chamamos hoje de enfoque multidisciplinar.
Precisamos ter um enfoque mais amplo, mais eficiente. A coisa é sempre a mesma.
Não é porque um fotógrafo, mudou a lente que a coisa muda.
Esse pensamento já era. Acabou quando Kardec lançou O Livro dos Espíritos em 1857. Essa é a grande contribuição do espiritismo para a humanidade. A palavra de ordem é aliança.
André Luiz nos dá um exemplo disso em "Mecanismos da Mediunidade", quando começa o livro falando de física quântica, para ao  encerrar  falar da importância do magnetismo de Maria e dos espíritos que seguiram Jesus, para a sustentação fluídica de Jesus no planeta, ou seja, fala do evangelho.

Não se deve perguntar se alguém é espirita, se é religioso? A pergunta está errada. Nós não funcionamos nesse paradigma.
Os elementos físico-químicos do corpo, obedecem parâmetros de equilíbrio propostos pela lei divina. Se não respeitarmos esses parâmetros dados por Deus, se nós não obedecermos; sono, fome,  alguma coisa vai ficar fora da medida.
Com esse pensamento nossos parâmetros ganham dimensões inusitadas.

Não há distinção entre Lei Natural e Lei Divina.
As  leis são as mesmas do micro ao macro; das leis materiais às leis morais. A força forte e a força fraca que equilibra o átomo, e a força que liga os seres é também, uma lei de atração, de amor; é sempre a mesma lei, é o mesmo fenômeno.
A lei Natural vai se desdobrando, mas é a mesma lei.
A equação perfeita. 
É Deus.

Texto baseado na fala de Haroldo Dutra Dias no vídeo 5 e do resumo da aula disponibilizado no Grupo de Estudo de Gênesis no Face Book. Qualquer erro gramatical, morfossintático, ortográfico,  textual etc. é de responsabilidade exclusiva da administração do blog.

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