O livro de Gênesis de Moisés fala da criação, e o homem se
encontra no ápice da criação, é o ser mais importante da criação. O homem,
conforme o texto de Gênesis, foi criado no sexto dia, depois da criação de
todos os animais.
A partir do capítulo 1, versículo 26, o texto fala da criação do
homem, veja Gn 1: 26-27:
“Também disse Deus: Façamos
o homem à nossa imagem e semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do
mar, sobre as aves dos céus, sobre os amimais domésticos, sobre toda a terra e
sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois o homem à sua imagem, à imagem de Deus os criou; homem e mulher os criou”.
Já os versículos 28-30, deixam claro que toda a criação anterior
foi feita para servir ao homem e que ele deve se multiplicar e encher a terra, observe Gn 1:28-30:
“E Deus os abençoou e lhe disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a dominai
sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo o animal que
rasteja pela terra.
E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão
semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há
fruto que dê semente; isso vos será para
mantimento.
E todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos
os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez”.
No
livro de Beale, que Haroldo faz referência nos estudos, diz que em Gênesis 1:
26-28, “constitui um mandato para
que Adão reflita a imagem de Deus”. Pois quando “Deus criou Adão e Eva,
Deus os equipou com atributos internos”. Atributos estes; “morais, espirituais,
volitivos e racionais”, e ele continua, “a fim de que fossem funcionalmente
capazes de ‘sujeitar’, ‘dominar’ e ‘encher’ a terra com a presença e a glória
de Deus”.
Esse homem criado por Deus traz no seu mundo íntimo todos os potenciais para refletir Deus na terra. E ser co-regente, pois é filho, cuja função é co-reger, co-criar.
Haroldo nos diz: “É imagem porque tem todos os potenciais para refletir Deus na terra. E, é semelhança porque possui o DNA divino.”
(O DNA divino, é o self segundo Joanna de Angelis? Acredito que sim.)
“
‘Frutificai e multiplicai-vos’ em Gn 1:28 refere-se ao aumento da prole de Adão
e Eva, que também deveria refletir à glória e imagem de Deus e ser parte de um
movimento de vanguarda espelhado sobre a terra, com o objetivo de enchê-la com
a glória divina”, diz Beale.
Ser a imagem de Deus também sugere que Adão deveria passar para seus filhos os potenciais que Deus lhe deu, os seus filhos ou descendentes também deveriam refletir Deus na terra, o que não ocorreu.
“Parte da incumbência de ‘sujeitar e dominar’ sem dúvida incluía ‘frutificar, multiplicar, e encher’ a terra com filhos naturais verdadeiros, que se juntariam a Adão não só para refletir a imagem de Deus, mas também para exercer o majestoso domínio sobre a terra. Portanto, Adão e Eva e sua prole seriam vice regentes que agiriam como filhos obedientes de Deus, refletindo o seu glorioso e pleno reinado sobre a terra”, continua Beale em seu livro.
Adão não cumpriu esta missão e reproduziu filhos que também não cumpriram. Sendo assim, esse modelo de homem terreno que não refletia Deus se multiplicou, como foi dito, em Gênesis, quando nasceu Sete, o terceiro filho de Adão e Eva: “[Adão] foi pai de um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem” (Gn 5: 3). O filho foi criado a semelhança do pai, Adão, ele possuía os potenciais divinos mas não reflete Deus, usa a sua vontade de forma equivocada.
Essa, segundo Haroldo, é uma das principais reflexões de Gênesis: "o homem, único ser criado com o potencial para refletir Deus na terra, não conseguiu cumprir esta missão, eles - Adão e Eva - não realizaram seus potenciais morais, espirituais, não usaram adequadamente a sua vontade nem souberam discernir entre o bem e o mal, desse modo deixou de refletir Deus, e criou comunidades de seres que não refletiam Deus, pois um dos potenciais de Adão é a multiplicação, essa multiplicação pode ser para o bem ou para o mal. Como Adão não conseguiu refletir Deus, multiplicaram-se na terra homens que não refletem Deus."
Não podemos esquecer que quando vemos a palavra Adão logo pensamos em um substantivo próprio, em um nome de pessoa, mas precisamos pensar na palavra em hebraico, que significa homem, um substantivo comum; mais que isso, essa palavra tem origem na palavra ‘adam’ que significa terra, então quando se fala em Adão está se falando no ‘homem terreno’, o homem na sua condição de materialidade, o ‘homem encarnado’, como nós espíritas dizemos, ou o ‘homem velho’ na proposta de Paulo de Tarso.
No
comentário da Questão 51 de O Livro dos Espíritos diz que o homem que chamamos de
Adão, foi um dos sobreviventes a alguns dos grandes cataclismos que aconteceram
em diversas épocas, e em diferentes regiões da superfície do globo, e que se
tornou, posteriormente, um tronco de uma das raças que povoaram essa região. E
no final do texto, diz ainda que “Muitos,
com mais razão, consideram Adão um mito ou uma alegoria que personifica as
primeiras idades do mundo”.
Então devemos ver Adão como o homem terreno, os primeiros homens, os primeiros povos que habitaram o planeta.
Adão,
segundo o Antigo Testamento, foi o primeiro homem que veio a terra com a missão
de refletir Deus. Ele recebeu uma missão é não cumpriu, Paulo deixa isso claro
em suas cartas.
Vemos
na Bíblia outros homens que vieram a Terra com o propósito de refletir Deus e
todas essas tentativas fracassaram no Antigo Testamento. Abraão foi uma destas
tentativa e também fracassou.
Ouvi Haroldo dizer outro dia, em uma de suas
palestras, que: o Antigo Testamento conta a história de todos os fracassos na
tentativa de tornar o homem a ‘imagem e semelhança’ de Deus, e que todas as
quedas humanas estão ali descritas.
O
único homem que veio a Terra e conseguiu cumprir integralmente os propósitos de
Deus foi Jesus. “O homem originalmente projetado”, como nos diz Paulo
referindo-se a Jesus.
João,
o evangelista, aponta Jesus como o homem, o único, que cumpriu integralmente os
propósitos de Deus, ele descreve uma 'nova criação', apontando o Cristo como “o
caminho condutor e que representa os parâmetros legítimos para uma evolução
consciente”, como nos diz Haroldo.
O
Cristo é o ‘novo adão’, o ‘novo homem’, o homem na sua dimensão espiritual.
Paulo
faz essa ponte. Como ele faz isso?
Ele
resume isso dizendo que Adão recebeu uma missão e não cumpriu. E que Jesus é o
modelo que Deus nos enviou, para que o homem possa se reconectar, voltar
ao caminho, corrigir faltas e resolver o problema
do afastamento do homem de Deus, da sua desconexão com o Pai, da sua incapacidade
de refletir Deus na Terra.
Jesus, então, é o 'novo homem'. É o modelo de homem que reflete Deus com a mais absoluta
perfeição, o modelo a ser seguido na
terra.
Para
Paulo, quando Jesus chama alguém para segui-Lo tem um alcance muito maior do
que criar uma nova religião. Paulo entende que Jesus reflete Deus com a mais
absoluta perfeição, e segui-lo é fazer parte desta 'nova criação'.
Para
ele o grande projeto de Deus é "criar comunidades de criaturas
que reflitam o Cristo que reflete Deus". Para ele seguir Jesus é saber que há um 'novo adão' multiplicando-se. É o surgimento de uma 'Nova Humanidade'. "Aquele que
conhece o Cristo nova criatura é". Assim, esse ‘novo homem’ irá reconfigurar a terra, e o 'novo adão' como diz Paulo, é o homem espiritualizado, conectado com Deus.
Na expressão hebraica, o filho é como se fosse uma parte do pai, desse modo, o cristão genuíno é uma parte do Cristo, são os Seus frutos. O texto Bíblico usa o termo 'frutificai', devemos pensar que o fruto é o auge da árvore, é o objetivo; quando se planta uma árvore frutífera a meta é a produção dos frutos, assim também com os cristãos, a meta é o surgimento de seres que reflitam o Cristo na Terra. Para Paulo o cristão genuíno deve ser um pedaço do Cristo, quando Paulo fala no 'novo homem' é o homem na sua condição espiritual e, para isso o Cristo é o modelo. O velho homem é a alma vivente, o homem em sua condição de materialidade e o 'novo homem' é a nova criatura, o homem espiritual, que reflete Deus. E Jesus representou integralmente esse propósito.
Veja
Co 1:15-20:
“Ele
é a imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda criatura, porque nele foram
criadas todas as coisas, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis:
Tronos, Soberanias, Principados, Autoridades, tudo foi criado por ele e para
ele. Ele é antes de tudo e tudo nele subsiste. Ele é a Cabeça da Igreja, que é
o seu corpo. Ele é o Princípio, o Primogênito dos mortos, (tendo em tudo a
primazia), pois nele aprouve a Deus fazer habitar toda plenitude e reconciliar
por ele e para ele todos os seres, os da terra e os dos céus, realizando a paz
pelo sangue da sua cruz”.
Quando
João, o evangelista, inicia o seu evangelho e se reporta a Gênesis (No princípio era
o verbo...) ele não descreve a criação exterior do planeta Terra, mas sim uma
criação interior, de seres conectados com Deus, e aponta o Cristo, como o
modelo, um padrão - 'o modelo legítimo'.
Em
todo o processo da criação o homem é o ápice, porém o homem espiritualizado, o
homem que seja o reflexo de Deus na Terra.
Então, estamos
ainda no processo, como nos diz Emmanuel.
Mas, isso é para outro post.
Nenhum comentário:
Postar um comentário