Numa visão Espírita

Textos baseados no Estudo do livro Gênesis de Moisés transmitido no portal SER com Haroldo Dutra Dias. Com a utilização dos resumos postados no Grupo de Estudos de Gênesis no Facebook. Qualquer erro gramatical, textual, morfossintático, ortográfico, etc é de responsabilidade exclusiva da administração do Blog.




domingo, 26 de abril de 2015

Níveis Interpretativos

O espírito estagia em várias nações e, assim, vai adquirindo experiências. As nações são escolas, que promovem diversas experiências ao espírito, cada povo tem seu ênfase, sua cultura sua forma de vida.

Entretanto, devemos observar que a literatura do Velho Testamento é patrimônio cultural/espiritual do povo hebreu que até hoje continuam sendo os cuidadores deste patrimônio (primeira revelação).

Para aprendermos sobre o Velho Testamento não podemos desprezar a experiência de 3500 anos deste povo, estudando estes livros.


 “Não bastaria uma boa leitura do texto, seja em hebraico, seja numa boa tradução? Esta leitura não seria suficiente para a compreensão e a inspiração? A resposta é sim, mas apenas em parte. Na visão profética de Jeremias, o Todo-Poderoso compara Sua palavra com “um martelo que despedaça a rocha.(1) E o Talmud comenta: “Tal qual a rocha que se parte em muitos fragmentos sob o golpe do martelo, assim cada palavra do Santíssimo, bendito seja, foi dividida em setenta expressões”– uma multiplicidade de significados e interpretações. Assim como a rocha se despedaça sob o golpe do martelo, diz novamente o Talmud, “um versículo das Escrituras Sagradas pode admitir muitos significados”. Portanto, o Midrash diz, simplesmente, que “A Torá tem setenta aspectos.”
Irving:
A Ética do Sinai

  Não é a minha palavra como fogo? oráculo de Iahweh. E como um martelo que arrebenta a rocha?”
Bíblia de Jerusalém
Jeremias  23:29


As possibilidades de interpretação são várias, uma interpretação que diz esgotar o texto é  fundamentalista. O mesmo texto pode ser visto de diversos ângulos.



Obreiros da Vida Eterna – Asclepios responde a perguntas com versículos – a perspectiva dele é o problema que a pessoa apresenta.


Trecho do livro Obreiros da Vida Eterna citado pelo Haroldo:

“— Venerável amigo — disse com transparente sinceridade —, temos algumas cooperadoras na Crosta que esperam de nós uma palavra de ordem e reconforto para prosseguirem nos serviços a que se devotaram de coração fiel. Desde muito tempo, experimentam perseguições declaradas e toleram o sarcasmo contínuo de adversários gratuitos que lhes ferem o espírito sensível, atacando-lhes os melhores esforços, através de maldades sem conto. Inegavelmente, não cedem ante os fantasmas da sombra e mobilizam as energias no trabalho de resistência cristã... Exercendo funções de colaboradora, nesta expedição de socorro que agora chefio pela primeira vez, conheço, de perto, a dedicação que nossas amigas testemunham na obra sublime do bem, mas não ignoro que padecem, heroicas e leais, há quase trinta anos sucessivos, ante o assédio de inimigos implacáveis e cruéis.
Após curto silêncio, que ninguém se atreveu a interromper, a consulente concluiu, perguntando:
—Que devemos dizer a elas, respeitável amigo? Por que palavras esclarecedoras e reconfortantes sustentar-lhes o ânimo em tão longa batalha? De alma voltada para o nosso dever, aguardamos de vossa generosidade o alvitre oportuno.
Vimos, então, o inesperado. O mensageiro ouviu, paciente e bondoso, revelando grande interesse e carinho na expressão fisionômica e, depois que Semprônia deu por terminada a consulta, retirou uma folha dentre os pergaminhos alvinitentes que trazia, de modo intencional, e abriu-a a nossa vista, lendo todos nós o versículo quarenta e quatro do capítulo cinco do Evangelho do Apóstolo Mateus:
— “Eu, porém, vos digo: amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos perseguem e caluniam”.
O processo de esclarecimento e informação não podia ser mais direto, nem mais educativo.”
André Luiz/Chico Xavier



Há uma tradição do povo hebreu que interpreta o livro de Genesis (3500), católicos (1500), protestantes (500), espíritas (150). 
Quando Kardec coloca no primeiro capitulo “não vim destruir a lei” precisamos entender que o espiritismo não despreza todo este trabalho que já foi realizado, todos estes missionários que já se debruçaram sobre este livro. Assim, ao estudar, fazemos um trabalho de soma, e não de exclusão.

Há dentro do espiritismo tradições de estudo do evangelho – Cairbal Shutel, Pastorino, etc.

Existem lições básicas que estão no Velho Testamento e que ainda não praticamos e nem mesmo entendemos, portanto, não é algo que deva ser desprezado, mas sim estudado e entendido.


 Em nossa literatura antiga de comentário e misticismo, toma-se a palavra PaRDeS para indicar quatro abordagens da Torá, quatro formas de explorar e extrair seus tesouros de significado. Com as quatro letras da palavra PaRDeS começam as palavras Peshat, Rémez, Derash e Sodrespectivamente. Peshat, o primeiro, seria o sentido literal, puro e simples do texto. Com Rémez, seguimos a estrutura sintática e gramatical de um versículo, levando em conta que certas palavras possuem um significado simbólico, ou metafórico. O Derash simplesmente omite a estrutura sintática de um versículo e até mesmo ignora seu contexto, percorrendo a Torá em busca de significados apontados pela  alusão e associação. Finalmente, temos o Sod, a leitura mais íntima e profunda de um texto, geralmente seguindo a concepção mística da Cabalá, e atingindo um grau de profundidade do significado que vai muito além dos anteriores.
Irving:
A Ética do Sinai

Pardes em hebraico significa jardim, assim, interpretar um texto se assemelha a cuidar de um jardim.

Trecho do livro Renúncia, fala de Alcione:

Em nosso grupo familiar de Castela-a-Velha, meu tutor dizia que o estudo das letras santas é comparável a uma pesca de luzes celestiais, O rio da vida, afirmava, está sempre correndo e é indispensável energia serena e vontade ardente, a fim de mergulharmos na coleta dos valores divinos. Enquanto o homem se mantiver tíbio, desencantado, indiferente ou pessimista, dificilmente poderá encontrar no Evangelho algo mais que os sublimes apelos do Senhor. Em tais condições negativas, recebemos os convites do Cristo, mas frequentemente ficamos ignorando a tarefa; somos chamados ao banquete da verdade e da luz, mas comparecemos como comensais bisonhos, mal sabendo como iniciar o suculento repasto. O ensinamento de Jesus é vibração e vida, e como o estudo mais simples demanda o esforço de comparação, não podemos versar o Evangelho sem esse esforço. Muitos procuram, nestas páginas, somente motivos de consolação, esquecendo a essência do ensino. Mas seria um contrassenso vir o Mestre a nós, dos espaços gloriosos da imortalidade, apenas para nos adoçar o coração onusto de perversidades e fraquezas humanas. Jesus é a fonte do conforto e da doçura supremos. Isso é inegável. No entanto, reconhecemos que uma criança, que somente receba consolações e mimos paternos, arrisca-se a envenenar o coração para sempre, na sede insaciável dos caprichos. Não; não devemos acreditar que o Cristo só haja trazido ao mundo a palavra revigoradora e afetuosa, senão também um roteiro de trabalho, que é preciso conhecer e seguir, em que pesem às maiores
dificuldades. Para isso, é indispensável tomar os nossos sentimentos e raciocínios como campo de observação e experiência, trabalhando diariamente com Jesus na construção da arca íntima da nossa fé. Naturalmente que essa edificação não prescinde do material adequado, constituído pelas virtudes e conhecimentos nobres que adquirimos no curso da vida. São esses os elementos que procuramos, em nossa pesca das luzes celestiais, para que, recebendo as consolações de Jesus, sejamos igualmente operosos trabalhadores."
Emmanuel
Alcíone em Renúncia 

Assim são 4 níveis:

Peshat, Rémez, Derash e Sod

Peshat – estrutura literária – o que está escrito.

Ex. Estudo com Sr. Honório sobre Moisés sendo colocado no cesto untado com betume. Olhou no dicionário, viu o significado do betume, para que servia (até aqui é peshat), depois foi para os livros de Emmanuel, e foi percorrendo todos os níveis. Assim, precisamos ler o texto, olhar as palavras, ver o que significam.

Rémez – uso das metáforas.

Ex. : passagem em que Jesus fala “ai das grávidas e das que estiverem amamentando”- precisamos ir além do que está escrito para buscar o que quer dizer.

Outro exemplo: Deus criou primeiro dia, segundo...e criou o sol no quarto. Como existia o dia se o sol não havia sido criado? Como existir dia ou noite? 

Assim, no primeiro nível, peshat, estamos com uma incoerência. Ao utilizarmos o rémez, podemos entender que há uma metáfora.

Derash – associar com outros textos – colar de pérolas – midrash – Emmanuel usa muito isto na coleção Fonte Viva.


Sod – profundidade e significado – uso da Cabala.
Bezerra de Menezes (Jornal Paiz – artigos sobre interpretação do evangelho, coletânea Estudos Filosóficos, Espiritismo) – vários artigos sobre Cabala.

A cabala tem grandes semelhanças com o espiritismo

Na cultura judaica, as crianças aprendem a Torá primeiramente no nível Peshat, lembremos que Paulo sabia-a de cor e isso era comum na época.


 “Não é por coincidência que PaRDeS, a palavra formada pelas iniciais das quatro palavras citadas no parágrafo acima, signifique, literalmente, horta ou jardim. Esta tradução simboliza a exuberante riqueza de pensamento e inspiração que pode surgir dos textos sagrados, se soubermos como cultivá-los e como colher os frutos mais difíceis de alcançar.”
Irving:
A Ética do Sinai

Emmanuel nomina um de seus livros como Vinha de Luz, ou seja, colheita de valores espirituais para a vida eterna.

Texto baseado na fala de Haroldo Dutra Dias no vídeo 6 e do resumo da aula disponibilizado no Grupo de Estudo de Gênesis no Face Book. Qualquer erro gramatical, morfossintático, ortográfico,  textual etc. é de responsabilidade exclusiva da administração do blog.

Um comentário:

  1. Muito obrigada pela organização e cuidado com as informações passada pelo Comandante Haroldo Dutra Dias.

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