Levando em consideração que os trabalhos espirituais são sempre conduzidos por Jesus, e que a doutrina espírita propõe um diálogo inter-religioso e sempre o respeito às religiões, como também a todos os seres, O Estudo de Gênesis, na aula 12, conta com a presença da irmã (freira católica) Aíla Pinheiro, professora da Pontifícia Universidade do Ceará em que leciona disciplinas ligadas a questões bíblicas: pentateuco mosaico, apocalipse, evangelhos sinópticos, etc., ela também tem um curso em DVD "Estudo de Gênesis" em que faz uma comparação entre os mitos da Mesopotâmia e o livro de Gênesis de Moisés, no capítulo (1: 1-11) que fala da Criação.
Ela esclarece que em ambos os textos a linguagem é parecida mas a diferença é que os hebreus procuram registrar a experiência íntima que tem com Deus.
Diz ela: "O povo hebreu fala de serpente, abismo, essas coisas, era a linguagem erudita da época. A forma que era utilizada pelo povo hebreu e que todos compreendiam. A diferença entre o povo hebreu e os outros povos era a experiência com o Deus único."
Os hebreus usam a linguagem utilizada na época e que era entendida por todos, uma linguagem poética. E eles escrevem essa experiência íntima para deixá-la registrada.
Para os povos mesopotâmios, especialmente os Sumérios, os deuses descansavam enquanto os humanos trabalhavam. O homens deviam servir aos deuses.
Clique aqui se quiser conhecer mais sobre a religião Suméria.
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Já os hebreus trazem um Deus amoroso, e que trabalha constantemente. Cria o homem e o coloca no paraíso para usufruir e viver uma vida plena. O homem tem uma relação íntima com Deus, pois caminham junto no deserto, e quando Deus descansa o homem também descansa. Deus está perto, está presente na vida do homem. Coloca o homem e Deus em uma relação íntima. Os hebreus tentam traduzir o sentimento íntimo que tinham com Deus no seu texto.
Podemos ver um exemplo:
Salmo 139
1 SENHOR, tu me sondas e me conheces.
2 Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos.
3 Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos.
4 Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda.
5 Tu me cercas por trás e por diante e sobre mim pões a mão.
6 Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: é sobremodo elevado, não o posso atingir.
7 Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?
8 Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também;
9 se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares,
10 ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá.
11 Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite,
12 até as próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa.
13 Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no seio de minha mãe.
14 Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem;
15 os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra.
16 Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.
17 Que preciosos para mim, ó Deus, são os teus pensamentos! E como é grande a soma deles!
18 Se os contasse, excedem os grãos de areia; contaria, contaria, sem jamais chegar ao fim.
19 Tomara, ó Deus, desses cabo do perverso; apartai-vos, pois, de mim, homens de sangue.
20 Eles se rebelam insidiosamente contra ti e como teus inimigos falam malícia.
21 Não aborreço eu, SENHOR, os que te aborrecem? E não abomino os que contra ti se levantam?
22 Aborreço-os com ódio consumado; para mim são inimigos de fato.
23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos;
24 vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.
O texto diz que nós "homens" somos uma obra maravilhosa e não temos como fujir de Deus ou nos escondermos d'Ele. Ele está em nós e nos estamos nele.
Para os Hebreus os ossos é o que há de mais profundo, é a essência, é o alicerce. Eles estão no início, no embrião , na formação, como também, permanece após a morte.
"os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra." (15).
O salmo representa esse sentimento de ser criado por Deus e tê-lo ao seu redor.
Deus está na mais profunda escuridão, como também na luz brilhante.
" Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite,
até as próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa."(11-12).
Já Paulo na carta aos Efésios ( (3:14-21)
Por esta razão dobro os meus joelhos perante o Pai,
do qual toda família nos céus e na terra toma o nome,
para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais robustecidos com poder pelo seu Espírito no homem interior;
que Cristo habite pela fé nos vossos corações, a fim de que, estando arraigados e fundados em amor,
possais compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade,
e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios até a inteira plenitude de Deus.
Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera,
a esse seja glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém.
A irmã Aíla fala do versículo 18:
" possais compreender, com todos os santos, Qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade,"
Qual é a largura, e o comprimento, a altura e a profundidade?
Deus é um ser supremo, acima do que possamos alcançar e Jesus é o amor de Deus que está nos alcançando e nos proporcionando toda essa experiência com Deus.
" que Cristo habite pela fé nos vossos corações, a fim de que, estando arraigados e fundados em amor, "(17)
Deus é supremo, mas também nos envolve e está em nós.
E fala do poder e da força de Deus:
" Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, "(20)
Um exemplo citado pela irmã Aila é a carta aos jovens escrita pelo papa Bento XVI, em que ele diz que em sua juventude teve uma 'crise de fé' durante a guerra e que só ultrapassou esse momento porque tinha um alicerce em Jesus e no Seu amor. E o papa na carta diz que ele estava alicerçado e enraizado em Cristo. A vida do Cristo é resumida no amor.
"Se temos uma experiência amorosa com o Cristo, as outras coisas se tornam secundárias porque confiamos e seguimos em frente". diz a irmã Aila.
Hoje a linguagem que é usada para se explicar 'A Criação' é a linguagem científica, a linguagem da Física Quântica e da Cosmologia. Por isso, nesse estudo se procura colocar o tema "A Criação" em uma linguagem atual, trazendo temas científicos e a colaboração da Física.
A abordagem do fluido cósmico no estudo de Gênesis, procura mostrar a onipresença de Deus, a providência divina. Kardec mostra o fluido cósmico como um instrumento a serviço do amor de Deus. Esse estudo do livro de Gênesis buscamos uma leitura atual da criação da Terra e do Universo, os autores do livro também tentaram fazer isso na sua época, e usaram o que tinham de mais moderno à época, a linguagem deles era para explicar a criação e a experiência íntima que tinham com Deus. O povo hebreu já tinham a consciência de que eles estão mergulhados em Deus.
É necessário um reconhecimento da ação de Deus, não é necessário ficar buscando fora, mas dentro de nós mesmos. Deus é supremo, Ele transcende tudo, mas Ele também é o que há de mais íntimo nas criaturas, os hebreus já tinham esse conhecimento e tentavam demonstrar isso nos seus textos.
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